Políticos distantes da realidade
Divinópolis está cada vez mais esquecida e abandonada. As prioridades dos seus políticos nunca coincidem com as prioridades e necessidades dos seus habitantes.
O médico pneumologista Márcio Costa Nogueira, em reunião do Rotary Club Divinópolis Oeste, em manifesto endossado por seus colegas rotarianos, propõe uma reflexão sobre a realidade socioeconômica do município de Divinópolis, considerado "pobre e sem perspectivas". O longo documento, lido na reunião de 15/12/2011, recebeu o título de "Quem cala sobre o teu corpo, consente na tua morte!" (expressão extraída de uma canção de Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos, Menino, álbum Geraes, 1976).
Segundo Costa Nogueira, Divinópolis parece não constar do mapa de desenvolvimento de Minas Gerais, pois "não está sendo cogitada para receber investimento algum".
Quantas indústrias estão sendo instaladas atualmente em Divinópolis? A resposta é: nenhuma! Somos um dos muitos patinhos feios de Minas Gerais. Em todo o Centro-Oeste Mineiro, também não há informação sobre a instalação de indústria alguma. Não há previsão de instalação de nem mesmo uma fábrica de rapadura.
Divinópolis no esquecimento
Ao comentar matéria da revista VEJA (edição n. 2.241) sobre as cidades mais prósperas do Brasil, o manifesto ressalta o caso de Uberlândia/MG, possuidor de um dos maiores parques industriais do país, com 300 empresas instaladas, e que, surpreendentemente, receberá mais 40 novas empresas. "Será que Uberlândia precisava de mais 40 novas indústrias? Por que esta cidade tão rica, com infraestrutura de primeiro mundo, atrai tantas empresas?"
Também recentemente, em julho/2011, a imprensa brasileira noticiou que a Cartepillar irá construir uma grande fábrica de locomotivas em Sete Lagoas. Esta cidade já possui a maior fábrica de caminhões e utilitários da América do Sul – a IVECO. Sete Lagoas também é sede da Ambev, da Refrigerantes Coca Cola, da Bombril, da Itambé etc. Estas grandes empresas fizeram Sete Lagoas elevar o PIB per capita, dar um salto em qualidade de vida e elevar enormemente o poder aquisitivo de sua população. Por que esta grande empresa foi para uma cidade já abarrotada de grandes outras empresas?
Por que Divinópolis, que já fez parte da história ferroviária deste país, que tem grandes galpões ferroviários, que produz ferro e aço às custas de muitas chaminés poluidoras, não foi sequer cogitada para receber esta fábrica de locomotivas? Aliás, Divinópolis não está sendo cogitada para receber investimento algum. Nossa cidade não consta do mapa de desenvolvimento de Minas Gerais ou do Brasil. Sete Lagoas, que tem um PIB per capita semelhante ao de Ribeirão Preto, não precisaria de receber mais nenhuma indústria, mas, ainda assim, ganhou mais esta fábrica de locomotivas da Cartepillar.
Quantas vezes ainda assistiremos grandes empresas que viriam para cá indo se instalar em outras cidades, por pura incompetência dos nossos políticos? A fábrica da Mitsubishi automóveis, prometida para Divinópolis, foi para Catalão (GO); a fábrica da Black&Decker, prometida para Divinópolis, foi para Uberaba; a Avipal, prometida para Divinópolis, foi para Feira de Santana (BA). Conseguimos até perder empresas que aqui estavam instaladas, como a Coca Cola, que saiu daqui e foi para a vizinha Sete Lagoas (olha ela aí de novo!). Também conseguimos perder a cervejaria Kaiser.
Reafirmando que é preciso dar a devida importância a Divinópolis, sendo necessário questionar o por quê de não se ter boas empresas instaladas no municipio e de empregos com melhores salários, que podem movimentar o setor de comércio e de serviços. "Por que a economia da nossa cidade ainda depende de sacoleiras? (...) por que não temos uma boa qualidade de vida?" Em sua comunicação, Costa Nogueira compara os PIB per capita de Divinópolis com os de algumas boas cidades mineiras: Ipatinga ( R$ 25.577,00); Varginha (R$ 23.647,00); Uberlândia (R$ 22.960,00); Sete Lagoas (R$ 21.391,00); Uberaba (R$ 21.279,00); Divinópolis (R$ 13.902,00).
Nosso PIB per capita é, em média, pouco mais da metade do PIB das outras boas cidades de Minas. Estamos com o PIB per capita abaixo até da média de Minas Gerais (que já é baixo em relação a outros grandes estados) e também do Brasil. O que isto significa? Significa que somos bem mais pobres que a média do Brasil e até da média de Minas Gerais! Significa que há menos dinheiro circulando aqui. Significa que estão investindo nas cidades mais ricas e se esquecendo da nossa Divinópolis. Significa que estamos comendo poeira mais uma vez! Significa que não temos chance de ter boas empresas instaladas aqui tão cedo!Aos rotarianos, algumas situações causam muita "preocupação e indignação". A construção da sede própria da Prefeitura deverá custar cerca de 25,5 milhões, enquanto a segurança pública vai dispor de apenas R$ 304 mil, em 2012. O manifesto ressalta algumas prioridades importantes, assinalando que se os exemplos a seguir tiverem, pelo menos, uma resposta "não", "então estes R$ 25 milhões serão gastos em uma obra que não é prioritária e que não vai atender aos interesses da população":
Diante desta situação, seria natural que as autoridades municipais e os deputados que nos representam unissem suas forças para alterar esta situação injusta e humilhante. Mas, parece que os nossos políticos vivem em um universo paralelo, cuja realidade é outra.
[...] será que nosso Distrito Industrial está bem conservado, com todas suas ruas e avenidas asfaltadas e com fácil acesso rodoviário? Será que as ruas da cidade estão todas asfaltadas? Ou ainda temos ruas até sem calçamento no Sidil, no Santa Clara, no Centro, no Bom Pastor, no Esplanada? Será que o braço sul do Anel Rodoviário já saiu do papel? Será que temos um plano diretor para o crescimento ordenado da cidade? Será que há saneamento básico em todos os bairros? Será que o tratamento do nosso esgoto está solucionado? Será que os trilhos da Ferrovia Centro-Atlântica já foram retirados da cidade, ou continuarão matando inocentes todos os anos? Será que todos os córregos já foram canalizados? Será que a lagoa do Sidil já foi saneada ou ainda é uma caixa de esgoto a céu aberto? Será que o Pronto-Socorro Municipal está funcionando satisfatoriamente, tanto para os funcionários, quanto para a população de baixa renda que tem ali sua única tábua de salvação?
Para os políticos as prioridades são outras
O manifesto de Costa Nogueira (2011), considera preocupante também o aumento de cadeiras na Câmara Municipal de 13 para 17 , questionando se o número reduzido de vereadores seria a razão dos males locais. "Quantos milhões de reais por ano estes novos vereadores irão consumir dos cofres municipais? O que eles trarão de benefícios para a nossa população?"
Ora, estamos completamente esquecidos do mapa do desenvolvimento do país e nossos políticos fazem o que? Decidem aumentar o número de vereadores e construir uma “catedral” para celebrar a incompetência para gerenciar a cidade e conduzi-la rumo ao desenvolvimento! Em outras palavras: nossos políticos apenas se preocupam em gastar mais do escasso dinheiro que nosso município arrecada!Prosseguindo na análise do trabalho político de lideranças locais, destaca outro abuso, classificando de "engodo" a duplicação da MG-050:
Esta é a explicação do por que Divinópolis não recebe um centavo de investimento. Nossos políticos não têm isto como prioridade. Priorizam a si próprios!
Nossos políticos estão preocupados apenas consigo mesmos e não com a cidade. Não há homens para brigar por Divinópolis! Não há ninguém para reivindicar investimentos e para exigir do governador, de ministros e presidente pelo menos um pouco do que a cidade merece. Para pedir votos, eles se lembram de Divinópolis. Para arrecadar impostos, eles se lembram de Divinópolis. Mas, para receber qualquer migalha de investimento, nós somos esquecidos!
Certamente acham que somos tolos para acreditar nisto. Mas, talvez até sejamos tolos mesmo. Afinal, como aceitamos pagar este pedágio aviltante de R$ 4,00 cobrados a cada 60 quilômetros de rodovia de pista simples e cheia de quebra-molas, para viajar atrás de caminhões lentos! Não há plano algum para a duplicação da rodovia MG-050! E todos os nossos políticos sabem disto. Esta parceria público-privada para exploração de pedágio na MG-050 é uma verdadeira mina de dinheiro para a empresa Nascente das Gerais. Pagamos milhões de reais em pedágio todos os anos e recebemos um serviço pífio. Era muito melhor antes, quando não havia esta concessão e não havia pedágio.O manifesto rotariano, ao final, exige ética dos homens públicos e descarta apoio eleitoral a "este ou aquele partido político", por considerar esse critério "muito rasteiro e mesquinho":
Será que vamos conseguir atrair alguma empresa importante sendo servidos por esta “vergonhosa” MG 050, cheia de pedágios e quebra-molas? Onde estão os homens “públicos” para protestar e para dizer um “basta!” contra este verdadeiro “arrastão” cometido contra os nossos bolsos?
Quem já passou pelo Triângulo Mineiro pôde constatar que as principais rodovias que cortam Uberlândia estão duplicadas e com vários viadutos, que substituíram os antigos trevos antes existentes. Não há um único pedágio naquela região. Pedágio onera a cadeia produtiva e quebra-molas danificam veículos de grande porte. Isto inviabiliza a instalação de grandes empresas e que pagam altos salários aos funcionários. Lá, os políticos se preocupam com sua comunidade e trabalham para o desenvolvimento da sua cidade.
Aqui bem perto de Divinópolis, a BR 262 está duplicada até nossa vizinha cidade de Nova Serrana e não há um posto sequer de pedágio até Belo Horizonte. O pedágio cobrado em uma rodovia ruim onera os serviços e onera a produção. Torna os produtos mais caros e menos competitivos. Este pedágio revoltante e esta vergonhosa rodovia chamada MG-050 são o “presente de grego” que os políticos deram para Divinópolis.
Temos que apoiar e estarmos sempre ao lado de DIVINÓPOLIS e da VERDADE! Pessoas íntegras, de conduta reta, com uma ampla história de serviços prestados à comunidade não podem ser caluniadas e linchadas diante dos nossos olhares complacentes. A VERDADE só triunfará se sua bandeira for conduzida por homens de bem. E a VERDADE é que Divinópolis está cada vez mais esquecida e abandonada. As prioridades dos seus políticos nunca coincidem com as prioridades e necessidades dos seus habitantes. Contra os fatos não há argumentos. Os números não mentem.
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